22 de setembro de 2011

Auto Nu

Eu te perdoo por querer ter sido egoísta quando na verdade tu nunca quiseste sê-lo. E te perdoo por acreditar piamente nisso de “olhos de ressaca” desde os dezesseis anos, como se já tivesses visto algo parecido durante tua até então breve vida. Por reiterar, com olhos sonhadores, que, sim, alguém tinha os olhos verdes mais misteriosos que já conheceras, tu não merecias o julgamento nem meu nem de ninguém menos gentil. Eu te perdoo pela panela ainda quente sobre a perna mas com a comida já fria, pelas lágrimas vertidas em dias difíceis e especialmente pelo modo como, quase inocentemente, tens teu próprio tempo, ainda que nunca tenhas conseguido de fato deter o poder da tua própria vida, sabendo que as piores amarras são as sutis e invisíveis.

Eu te perdoo principalmente por às vezes teres sonhos leves e doces com uma lembrança não tão doce assim, e por acordares sorrindo desses sonhos, mesmo com um certo perigo de seres descoberta em tua alegria. E te perdoo por amares (erradamente?) com posse, com força, com a emoção de alguém tão radical. Eu te perdoo pelas lingeries, pelos desejos secretos contidos nelas, e pelo sentimento de poder que isso te causa. E perdoo a crença cega em monogamia, mesmo que tu não saibas muito bem o que isso te acarretará na vida. Eu te perdoo, de olhos fechados, também pelos atos covardes cometidos no passado, bem como a vontade lá no fundo (ou seria lá no raso?) da tua alma de trangredir as normas. Eu perdoo também o que mais odeio em ti, e tu sabes bem o que é. Aprende a lidar bem com isso.

Eu te perdoo pela imaturidade. E, acima de tudo, eu te perdoo pelos poemas.

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