18 de março de 2020

No baile de máscaras, eu sou a Rainha Ilusão

Talvez o melhor seja continuar assim e na maré baixa, baixíssima, digo a mim mesma enquanto choro baixinho tentando esconder dos ouvidos os soluços crescentes. Talvez seja melhor navegar nesse grande barco seguro de velas já gastas, mas que conhecem bem o mar onde estão. Talvez o amor seja mesmo grande coisa e as paixões, ah, pra que servem, senão para enganar os pensamentos das mulheres dizendo que o mundo vale mesmo a pena? Talvez seja grande coisa, sim. Ou talvez seja apenas aquele par de tênis velhos que não jogamos fora por serem confortáveis e que usamos todos os dias, ainda que queiramos de vez em quando usar aquele de paetês que nos pinica. É mais bonito e dá um glamour, faz subir a autoestima um pouquinho porque aqueles tênis chegam a nos elogiar. E elogiam a pedra vermelha do brinco de flor que estamos usando.
Talvez os sonhos e diálogos doces e sussurros calminhos sejam apenas ferramentas de autossabotagem travestidos de preservação de sanidade. Talvez tudo não tenha passado e não passe ainda de delírio individual, pedido de socorro desse lado emotivo e derretido que insiste em sempre caminhar comigo, mesmo depois de tantos anos de sofrimento. Nunca saberei. 
O que sei- e tenho sentido- é que os agrados hoje não possuem mais o mesmo gosto de outrora; estão ora insossos, ora automáticos. Seria esse o gosto da eternidade?